Flaneur é uma figura muito curiosa, que dedica seu tempo a vagar pelas ruas, no intento de observar o que acontece ao seu redor, de captar algo de mais perene no cenário urbano. Este passante se locomove a pé
– e sem pressa, como requer qualquer “trabalho” de análise da vida cotidiana que se preze.
Tal personagem surgiu nos séculos XVIII e XIX com a industrialização, que trouxe consigo o fenômeno da urbanização das cidades européias e, como conseqüência disso, a formação das multidões, dos grandes conglomerados humanos. A mudança de ritmo na vida dos habitantes da cidade foi marcante; o desenvolvimento da linha de montagem das grandes fábricas e a ideologia do “tempo é dinheiro” passou a ditar o aproveitamento do tempo no cotidiano das pessoas. Houve a configuração de um novo tipo de experiência de vida, do tempo e do espaço. E foi durante o ápice dessa sociedade, nas décadas de 1830 e 1840, que ocorreu o aparecimento de uma figura que parecia alheia a tudo isso.
O flaneur é um observador que caminha tranquilamente pelas ruas, apreendendo cada detalhe, sem ser notado, sem se inserir na paisagem, que busca uma nova percepção da cidade. E para situar a curiosa figura do flaneur no tempo, é preciso entendê-lo, antes de tudo, como uma figura nascida na modernidade. Ele apareceu como o contraponto do burguês, que dedicava grande parte do seu tempo ao mundo dos negócios. A flanerie conseguiu solidificar-se como a experiência própria daquele que gostava de perambular pelas ruas pelo simples prazer de observar ao seu redor; que não devia satisfações ao tempo e tinha a rua como matéria prima e fonte de inspiração.
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